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Pezinhos de lã

Pezinhos de lã

Aquele post de Natal

26.12.22, Colette
Este ano, a ceia de Natal foi em minha casa. Aos usuais quatro, associou-se o meu irmão mais velho, que me faz sempre lembrar o meu pai, por ser o mais parecido com o nosso "velhote". Esse irmão, que passou a vida praticamente toda em França, escolheu a aldeia natal para gozar a sua merecida reforma. Estando só, juntou-se a nós nesta noite. Chegou, qual pai natal, carregado com prendas para os miúdos e com sacos enormes, recheadinhos de coisas boas, caseiras e biológicas: a (...)

Bel-Ami ou a “História de um canalha

18.11.22, Colette
Ainda na saga dos Essenciais da Literatura, acabei de ler o Bel-Ami, de Guy de Maupassant, que recomendo. O livro mergulha-nos na França, sobretudo em Paris, nos finais do século XIX, ao lado da personagem central, Georges Duroy, Bel-Ami, um jovem homem belo, mas mesquinho, manipulador e oportunista, que tenta, por todos os meios e sem escrúpulos, ascender socialmente e acumular fortuna. Ao mesmo tempo, acompanhamos o seu percurso como jornalista, percebendo que a falta de ética, no (...)

Ministra do Tempo

16.11.22, Colette
A minha gata está convencida de que tenho poderes ligados à meteorologia.  Todas as manhãs, coloca-se à frente da porta da marquise, que dá acesso ao terraço, e espera que eu a abra para poder ir lá para fora. Espera algum tempo, e , se demoro, faz uns miados diferentes de todos os outros, pois estes querem dizer: "Já estou aqui há imenso tempo, abre-me a porta, pois tenho aí uns bicharocos para caçar". E é vê-la, a andar no terraço, toda emproada, como se a escritura do (...)

Era uma casa mal arranjada, sem tecto, sem nada

17.10.22, Colette
Alguém dizia, há dias, numa conversa a decorrer ao meu lado, que o que dava era ser desgraçado e viver num bairro social. -Havias de ver : os apartamentos têm chão flutuante, janelas basculantes e agora a Câmara colocou novos esquentadores com gás canalizado. Qual bairro social? Prédios bem isolados, com capoto, jardim. Sim senhor, vivem melhor que tu ou eu... Ora, como o assunto não era comigo, não me meti na conversa, mas fiquei a remoer para dentro as palavras que gostaria (...)

O inferno de Stromae

08.10.22, Colette
Falei, há dias, desta música, com a minha filha. Dizia-lhe, que com um vídeo extremamente minimalista, Stromae conseguia abordar de uma forma muito profunda, a temática da doença mental, flagelo dos nossos dias, que atinge pessoas de todas as idades e segmentos sociais.    Entregue à sua solidão, o artista ( doente mental) luta, frenético e obcecado, contra os seus demónios, num cenário imenso, demasiado vazio, demasiado cinzento e frio.  O seu olhar confuso, triste e (...)

O regresso aos clássicos com uma Cruz pelo meio

11.09.22, Colette
Este ano deambulei menos tempo pelas belas praias algarvias. Por questões de logística familiar, apenas pude usufruir de uma semana no Sul ( em maiúsculas, claro, pois é assim que me sinto quando lá estou: mais tudo!), pelo que tive pouco tempo para me dedicar ao meu exercício predileto de praia, que é a leitura. Sempre que vou de férias, demoro mais tempo a escolher o que levar para ler do que os bikinis que vou usar. Abro o armário que alberga , há já demasiado tempo, muitos (...)

Sem IVA, por favor

01.09.22, Colette
Hoje fui às compras. Ao Intermarché para a carne, fruta e legumes ( isso era o que tinha em mente, mas depois comprei iogurtes, queijo e fiambre fatiado, massa quebrada, natas e queijo ralado - sim, vou fazer uma quiche- e biscoitos para a minha Kitty, que é a gata mais gira da minha rua). Depois, fui ao Lidl para o resto das compras. Aí, segui escrupulosamente a lista, sob pena de não chegarem os três sacos enormes que levava, bem como os parcos euros, na minha conta... Ora, para (...)

Retrato a branco e preto

16.06.22, Colette
Quando era miúda, vivia numa pequena aldeia trasmontana. Naquela altura, anos 80, muitos emigrantes tinham, como os meus pais, vindo de vez de França e,  das ex-colónias, também tinham regressado a Portugal muitos portugueses, com as  suas famílias. Por isso, as vilas e as aldeias do interior estavam cheias de gente, cheias de vida. Eu teria 12, 13 anos e lembro-me que costumava ler e escrever cartas a um casal de idosos que vivia no fundo do povo. Nem um nem outro conhecia uma (...)

Paz podre

28.02.22, Colette
Não vou escrever sobre a guerra na Ucrânia, pois não me sinto capaz. Falhou-me a voz, as mãos tremem-me e o coração passou a bater descompassado, ao som dos passos que se aproximam de uma qualquer fronteira, porto de abrigo, refúgio, garante de segurança... Assisto, incrédula, a uma guerra que não era suposto acontecer, agora...  na Europa. Sofro por ver como, de um dia para o outro, a vida dá uma volta e nos deixa, literalmente, sem chão, sem o nosso chão mãe, chão pai, (...)

Ideologia de género e outras ”mariquices”

27.01.22, Colette
  Gostava muito que certos políticos fizessem como o gato do outro senhor e se calassem. Vir para os meios de comunicaçao social opinar sobre ideologia de género, com um discurso embuído de um moralismo perfeitamente inócuo, nada acrescenta de positivo à vida das pessoas que se deparam, diariamente, com grandes dilemas quanto a esta questão. Que o digam os pais do jovem que ainda ontem se atirou de uma ponte, na cidade onde eu vivo. Tinha 15 anos. Por mais que a família e os (...)