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Pezinhos de lã

Pezinhos de lã

Bel-Ami ou a “História de um canalha

Ainda na saga dos Essenciais da Literatura, acabei de ler o Bel-Ami, de Guy de Maupassant, que recomendo.

O livro mergulha-nos na França, sobretudo em Paris, nos finais do século XIX, ao lado da personagem central, Georges Duroy, Bel-Ami, um jovem homem belo, mas mesquinho, manipulador e oportunista, que tenta, por todos os meios e sem escrúpulos, ascender socialmente e acumular fortuna.

Ao mesmo tempo, acompanhamos o seu percurso como jornalista, percebendo que a falta de ética, no mundo dos Media, é uma prática antiga, que apenas se foi aperfeiçoando, ao longo dos anos. La vie Française e outros jornais da época carecem de objetividade, proliferando as notícias falsas e a procura de escândalos, para vender mais exemplares.

 É um retrato muito próximo e mordaz do que seria a vida da classe media alta da sociedade parisiense, nessa altura, com foco no luxo, no desejo de títulos nobliárquicos, nas intrigas, no adultério, na corrupção sobretudo na política e no jornalismo...

Bel-Ami, é portanto, na minha perpetiva, um bom livro sobre a ambição desmedida, movida por uma inveja cega e por uma enorme e constante insatisfação em relação ao que sé e se tem.  Neste caso, o protagonista é um jovem de origens humildes que, aproveitando os seus parcos recursos: algum talento para a escrita, amizades e sobretudo a sua capacidade sedutora junto das senhoras ricas da alta sociedade parisiense, consegue atingir ampalmente os seus objetivos: muita riqueza e reconhecimento social.

Bel-Ami eBook de Guy de Maupassant - EPUB | Rakuten Kobo Portugal

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Ministra do Tempo

A minha gata está convencida de que tenho poderes ligados à meteorologia. 

Todas as manhãs, coloca-se à frente da porta da marquise, que dá acesso ao terraço, e espera que eu a abra para poder ir lá para fora. Espera algum tempo, e , se demoro, faz uns miados diferentes de todos os outros, pois estes querem dizer: "Já estou aqui há imenso tempo, abre-me a porta, pois tenho aí uns bicharocos para caçar".

E é vê-la, a andar no terraço, toda emproada, como se a escritura do apartamento estivesse em seu nome...

Ora, quando chove, o ritual é quase o mesmo. A diferença é que a princesa não sai:  fica no interior da marquise, com o nariz de fora, a cheirar o dia, que é como quem diz, a avaliar a situação. Quando se apercebe de que os passeios terão de ficar para outra ocasião, fica danada, a reclamar olhando para mim, como quem diz " Faz alguma coisa, não quero ficar em casa!" (Também estes miados são diferentes: donos de gatos sabem quando eles não estão contentes)

A minha gata deve achar que sou uma espécie de São Pedro ou de Ministra do Tempo, com poderes para fazer brilhar o Sol, quando não apetece chuva...

A minha gata é muito engraçada!

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