Casa no campo
Há dias em que me apetece ir viver para o campo. Acordar ao som de pássaros primaveris e gatos lânguidos, aos quais me sentaria a coçar a barriga. Plantaria rosas de todas as cores nos canteiros do jardim e passaria horas a observar borboletas, no silêncio verdejante dos largos vales. Ao serão, beberia chá com mel, sentada no sofá, a ler um livro da imensa biblioteca que teria ou veria um filme, dos antigos.
Quem me dera viver numa aldeia de casa de pedra e lareira sempre acesa, onde os vizinhos se conhecem e se ajudam, como antigamente. Faria tricô (eu que nem sou prendada) e daria passeios, a pé, nas enseadas dos montes e à beira-rio. Comeria couves, tomates, cebolas e alfaces biológicas, e, de vez em quando, perderia a cabeça com umas boas fatias de presunto ou uma alheira caseira.
Talvez escrevesse mais, talvez cantasse, e dançaria, de certeza, rodopiando ao som de Elis Regina, com um copo de vinho tinto na mão ( e a minha cadela espantada, a olhar para mim).Saúde!
Oh, como me faz falta uma aldeia onde eu pudesse ser mais eu...
Por vezes, apetece-me fugir dos compromissos citadinos, das filas intermináveis e da frieza das caras que passam, sempre fechadas. Fugir das pressões, das promoções, dos muitos carros pára, arranca, cada vez mais caros, grandes carrões!
Oh, que cansaço o quotidiano de atas, relatórios e reuniões, de incertezas e más decisões. Que sacrifício lidar com egos inflamados, convencidos e stressados, como as vidas tristes que levam. E a economia? E os resultados? Que pena, os amigos enlatados...
Há dias em que me apetece, mesmo, ir viver para o campo...
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