Teoria do desapego ou a imensa ternura dos 50
Dei por mim a pensar seriamente no significado da vida.
Acho que acontece a todos, depois dos 50: os filhos terminam os estudos, concorrem ao primeiro emprego, apaixonam-se perdidamente e nós começamos a perceber que o caminho restante é bem mais curto do aquele que nos trouxe até aqui.
Então, pensamos se faz sentido continuar com tanto peso em cima das costas ou se é o momento de começar a deixar para trás o que, na verdade, já pouco importa (importou algum dia?).
Passamos grande parte da vida a valorizar o ter, aliado a uma necessidade, por vezes doentia, de o mostrar : a casa ou o carro novo, as roupas de marca, as jóias... Compramos, acumulamos, preenchemos os nossos vazios com o que é material, iludidos com uma falsa ideia de felicidade. É o jovem ego a alimentar-se, de bens, de poder e estatuto, de orgulho e de vaidade...
Por isso, chegados ao outono da vida, é comum fazer-se uma reflexão profunda e querer libertar-se das amarras, largar essa pele, abdicar do que temos e somos em exagero e começar a valorizar outras coisas, realmente importantes: as coisas simples.
É nesse ponto que me encontro: num estranho ponto de desencontro e de desapego, nessa imensa ternura dos 50...